Ela não vai embora, por
mais que eu faça cara feia pra ela, por mais que eu tente me esconder, ela esta
presente, ela insiste em fazer parte dos meus dias. Ela não tem dó nem piedade,
me maltrata, me consome, me envolve em lembranças, me causa arrepios. Não
consigo ignorar sua companhia, ela é tão viva que quase posso tocá-la. Eu pergunto por quanto tempo ela ficará por aqui, ela me sussurra que o tempo é
seu amigo, que ele passa lentamente para que ela permaneça ao meu lado. Então
sua resposta se confirma à medida que os dias passam, a noite cai e ela
torna-se mais intensa, mais cruel, por saber que essas noites eram preenchidas por
quem agora esta longe. E como se não bastasse a lentidão dos ponteiros, ela me
aponta coisas, lugares, cheiros, sons, imagens, tudo que me faz lembrar esse
alguém. Ela diz que pode me fazer bem, que pode fortalecer meu sentimento, e
por mais que isso seja verdade eu não me acostumo com ela. E se um dia eu me
acostumar é porque o sentimento acabou, pois quem a gente ama, quando se vai
faz uma falta enorme, deixa um vazio incalculável, insubstituível. Ela aperta
corações, molha travesseiros, causa suspiros. Ela aparece quando menos
queremos, quando mais precisamos estar ao lado de quem a gente gosta. E não me
diga que você nunca bateu um papinho com ela, não me diga que nunca mandou ela correr
do seu quarto, que nunca sentiu vontade de matá-la. Então aos poucos ela vai te
tornando ansiosa por um telefonema, te faz roer unhas, rever fotos, sonhar
acordada. Para tentar afastá-la eu envio um sms e aguardo desesperadamente pela
resposta, mas ela diz que não adianta muito que por alguns segundos eu me
sentirei melhor por querer me livrar dela, mas que depois vou perceber que a
distância continua a separar nossas realidades, e que não tem e-mail, facebook,
ligação ou skype que supram essa falta. Eu não tenho escolha, preciso ser
forte, preciso encará-la, mas sei que ela só vai ficar no passado se eu
encontrar aqueles olhos, aquele sorriso. Decido escrever e colocar para fora tudo
o que penso sobre ela, minhas palavras jorram desaforos ao seu respeito,
chamo-a de descarada, metida, birrenta e insuportável, mas como eu previa ela
não me dá as costas, ela continua aqui, dentro de mim.
Esse texto foi escrito ao som dessa musiquinha aqui ó...
bem a cara da saudade!
Que texto bonito, bem escrito, de bom gosto, sensível e bem real...Super-curti.
ResponderExcluirGrata pelo reconhecimento Tati :D
ExcluirXero e sucesso pra você!
Otimo texto. saudade é assim mesmo, cruel...rsrsr
ResponderExcluirValeu Esau, você também sabe lidar com as palavras! rsrsr
ExcluirBjs
A saudade e o tempo, a saudade e seus mistérios. Penso Hadassa, que já nasci com saudades. Mas uma saudade gostosa é de nossa infância, do primeiros doces, pirulitos e brigadeiros. As primeiras amiguinhas etc.Quando essa outra saudade te perturbar muito, mostra pra ela a nostalgia da doce infância. E enquanto elas se curtem você nos presenteia com mais e mais textos assim, bem redondinho,bem bonitinho. s2
ResponderExcluirA saudade é uma danada Heliana pega a gente de jeito!
ExcluirObrigada pelas palavras minha poeta :D
Amiga, amei o texto! Quero ler mais, coloque mais textos! :)
ResponderExcluirIara minha linda, obrigada pelo reconhecimento! Com certeza publicarei muito mais...Me aguarde! srsrs Bjs
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